quarta-feira, 17 de julho de 2013

A GENTE SO QUE O DIREITO E IGUALDADE DE PODER SI DEFENDER



Apresentação


Em meu tempo de garoto, aprendi a ter medo de navalha. “Cuidado, ele é capoeirista...”

De tiro, não me lembro ouvir falar, a não ser num baile de carnaval, no Clube do Flamengo,

que me ficou na memória por conta de um sujeito ciumento que se deu ao trabalho de ir em

casa, pegar a arma e voltar para acabar com a festa. Em meu ambiente, arma de fogo não era

problema. Briga se resolvia na mão.

Hoje, quarenta anos depois, capoeira ganhou respeito, navalha virou antiguidade e o

que se vê, por todo lado, é o uso descontrolado da arma de fogo. São tantas e tão profundas

as causas da violência, que dá desespero pensar. Em meio a elas, contudo, na dureza do

cotidiano, sabemos que a arma de fogo desequilibra. Transforma o banal em fatal. Gera

poderes paralelos. Generaliza a vizinhança da morte.

Controlar a arma e o seu uso tornou-se, pois, tarefa maior. Votou-se o Estatuto do

Desarmamento. Fez-se a campanha de entrega voluntária de armas. Mobiliza-se agora um

Referendo para a proibição da venda de armas para civis no Brasil. São ações de grande

porte, com um único objetivo: o controle da arma de fogo. Lembram grandes campanhas

preventivas do passado, como as de combate aos vetores transmissores de doenças tropicais.

Violência, como a malária, virou epidemia, sintoma de uma patologia que escapa aos controles

coletivos. Mosquito não é causa de doença, assim como arma não é causa de violência, mas

ambos são responsáveis pela multiplicação e o agravamento do mal.

A questão é polêmica. Arma virou problema apenas nesta geração e a adoção de uma

estratégia preventiva para a violência, típica do que se faz na saúde pública, também é

novidade. Há muitas perguntas no ar. Este livro examina cada uma delas com um rigor e uma

riqueza de informações admiráveis. É a fonte que nos faltava.

Rubem César Fernandes

Diretor Executivo do Viva Rio

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