quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Forças do governo atacaram uma base da opositora Remano, forçando a fuga do líder do movimento

Um ataque de forças do governo de Moçambique a uma base do movimento de oposição Renamo fez com que o grupo anunciasse o fim do acordo de paz que, em 1992, pôs fim à guerra civil no país.
  BBC
Renamo mantem acampamento com guerrilheiros, apesar de acordo de paz
Forças do governo atacaram uma base da Renamo (Resistência Nacional Moçambicana) em uma área de selva no centro do país, forçando a fuga do líder do movimento, Afonso Dhlakama. O movimento é o segundo partido do país.

Cerca de meio milhão de pessoas morreram durante o conflito que estourou em meio à guerra da independência em relação a Portugal, em 1975. A guerra se deu entre a Renamo e a Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido que controla o poder.
Desde o fim da guerra civil, Moçambique enfrenta um ciclo de crescimento econômico. O porta-voz da Renamo, Fernando Mazanga, disse que as forças do governo bombardearam a base de Sathunjira com bombas e forte armamento.

"A atitude irresponsável do comandante geral das forças de segurança põe fim ao tratado de paz", afirmou o porta-voz do partido em Maputo. "A responsabilidade é do governo da Frelimo porque não quis ouvir as queixas da Renamo", declarou ainda, citado pela Reuters.
Segundo Mazanga, o objetivo do ataque era matar Dhlakama, mas o líder da Frelimo conseguiu escapar para um destino ainda desconhecido. Em um comunicado, a Renamo acusou o presidente Armando Guebuza de estar por trás do ataque.

"A atitude irresponsável do comandante em chefe da Defesa e das forças de segurança coloca um fim ao acordo de paz de Roma", disse.

Guerra
O jornalista da BBC em Maputo, José Tembe, disse que os comunicados da Renamo indicam que o partido tem planos de voltar ao front, algo que o movimento negou no passado.
O porta voz do Ministério da Defesa, Cristóvão Chume, disse que o assalto à base de Sathunjira foi uma resposta a um ataque da Renamo a um posto de controle do Exército.

Nem governo nem oposição divulgaram número de mortos ou feridos. O governo da Frelimo tem acusado frequentemente a Renamo de tentar colocar o país novamente em estado de guerra.
Em abril, pelo menos cinco pessoas morreram em Moçambique depois que militantes da Renamo haviam atacado um posto da polícia.

Montanha
Cerca de 300 guerrilheiros permanecem armados, apesar do acordo de paz e dos esforços para integrá-los ao Exército ou à polícia. O líder da Renamo, Dhlakama, justifica a existência dos guerrilheiros dizendo que precisa de guarda-costas.
Após o fim da guerra civil, Dhlakama mudou-se para a capital, Maputo, e depois para a província de Nampula, ao norte. No ano passado, Dhlakama voltou às montanhas de Gorongosa, onde permaneciam seus homens, agora alvo de ataque.
Moçambique terá eleições locais em novembro e eleições gerais no próximo ano. A Frelimo, do presidente Guebuza, governa o país desde 1975. A Renamo se formou na mesma época e na ocasião era apoiada por dirigentes brancos que ainda estavam no poder na vizinha África do Sul e Zimbábue.

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